Confusão com morador de rua em restaurante da Zona Sul do Rio gera polêmica na web

A agressão a uma pessoa em situação de rua em um restaurante na Zona Sul carioca provocou polêmica na internet. A história, relatada no Facebook pelo estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro Thiago Tomazine, de 22 anos, alcançou mais 7 mil compartilhamentos e de 10 mil curtidas em apenas um dia. O dono do restaurante Pigalle, Carlos Alberto Suarez, confirmou a confusão, mas negou que o homem tenha sido agredido.
Segundo Tomazine, ele e um amigo estavam no restaurante, na Avenida Atlântica, em um rodízio de petiscos, quando o morador de rua chamado Clarindo pediu comida a eles e os dois resolveram dar algumas sobras dos alimentos.
— O gerente disse que a gente não podia dar comida para ele, a não ser que pagássemos mais um rodízio, que era uma regra da casa. Mas ele se ofereceu para dar um prato de comida “lá atrás”. Passou um tempo e o morador de rua voltou todo assustado, dizendo que o gerente queria dar porrada nele. Eles começaram a discutir e o gerente pegou ele numa gravata e o jogou no chão — explicou Tomazine.

Em seu relato no Facebook, o estudante explica que depois de Clarindo ser solto, eles decidiram pagar seu rodízio. “Mesmo assim ainda continuou sofrendo preconceito. Ele tentou ir ao banheiro e foi barrado. Estávamos sentados na ‘varanda’ e o banheiro ficava na parte de dentro, com ar-condicionado e pessoas ‘ricas’ comendo. Acho que não queriam um negro, pobre e morador de rua ali dentro”. Segundo ele, Clarindo ameaçou agredir o gerente com uma faca, mas voltou atrás. O gerente decidiu, então, chamar a polícia. Quando o policial chegou e constatou que eles iriam pagar a conta do morador de rua e que ele não estava incomodando, não fez nenhum registro e foi embora.
O dono do restaurante explicou que está analisando as imagens das câmeras de segurança e que ainda vai conversar com o gerente, que estava de folga na segunda-feira e trabalha no turno da noite. Segundo Suarez, é possível ver nas imagens que não houve agressão.
— O rapaz de rua estava com a aparência horrível, parecendo até meio drogado. Na filmagem dá pra ver que há uma confusão, mas é mentira, não teve mata leão, dá para ver. Até porque ninguém quis ir à delegacia. Ele se sentiu tão descriminado e não quis ir à delegacia? Por que não? — questiona. — Às vezes, numa situação dessas, uma pessoa vai na mesa do restaurante e rouba o celular de um cliente, até para poder vender depois para comprar drogas. Se você não vai falar, fica parecendo que o lugar é largado.
Tomazine conta que ficou sensibilizado com a ação de Clarindo antes de ir embora.
— Ele cumprimentou o gerente, abraçou ele e disse: “Eu te perdoo” — conta o estudante. — Eu postei a história no Facebook esperando que as pessoas deixassem de comer no restaurante, para dar o troco. Acabou tendo mais repercussão do que eu achava. Estamos pensando até em fazer um protesto ali na frente.