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segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Carta Aberta do Movimento Nacional da População de Rua.



Dia Nacional de Luta da População em situação de rua.



Hoje nos reunimos aqui para lembramos o dia 19 agosto de 2004, que marca a chacina da população em situação de rua na Praça da Sé. Este dia ficará para sempre em nossas memórias, por isso se tornou o DIA DE LUTA DA POPULAÇÃO DE RUA. Naquela madrugada, sete moradores de rua que dormiam na Praça da Sé, no centro de São Paulo, foram mortos e outros oito ficaram feridos. Até hoje os responsáveis continuam livres.



O “Massacre da Sé” como ficou conhecido, se tornou um marco significativo na luta pelos direitos da população em situação de rua, mas não só ele. Viver nas ruas brasileiras, ou delas extrair seu sustento, se tornou sinônimo de convivência constante com as mais diversas e cruéis formas de violações de direitos. Embora tal fato seja histórico e corriqueiro, nunca recebeu a devida atenção. Nossa situação não é apenas ignorada e despercebida, mas também é mal compreendida e tratada como assunto de segunda ordem.



Nós do Movimento Nacional de População de Rua viemos denunciar as tantas violações ocorridas nos últimos anos, cobrando das autoridades competentes que tomem providencias. Na maioria das vezes a resposta do poder público é efetivada da seguinte forma: abordagem discriminatória de agentes de segurança pública dos três níveis de governo, retirada de nossos companheiros da rua, recolhimento dos nossos pertences de forma arbitrária e violenta, utilização de agentes de segurança pública nos serviços de acolhimento institucional, internações compulsórias, abordagens sociais ineficazes, acolhimento institucional e alimentação precárias e insuficientes, além da ausência do diálogo com as parcas políticas públicas de habitação, de geração de trabalho e renda, entre outras. O descaso e a falta de investimento para superação da condição de rua fazem parte do nosso cotidiano. Ouvimos repetidas vezes que não existe orçamento.



Destacamos que diversas operações de caráter higienista vêm ocorrendo em várias cidades do Brasil como em São Paulo, no Rio de Janeiro e Goiânia. Soma-se a isso nossa preocupação com os grandes eventos, como a Copa das Confederações, Copa do Mundo e os jogos Olímpicos de 2016, pois é notória a falta de políticas publicas nas diferentes áreas que enfrentem o problema da nossa exclusão.



O Centro Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População de Rua, assegurado pelo Decreto 7.053, aponta números alarmantes de 227 homicídios registrados desde sua criação em abril de 2011. Entretanto, sabemos que esses números não representam a totalidade de casos, muitos casos de assassinatos e violações ocorrem todos os dias sem que se tomem o devido conhecimento e muito menos as providências legais. A impunidade prevalece.



Embora tenhamos direitos reconhecidos na legislação vigente, como qualquer cidadão brasileiro, podemos dizer que, de fato, não os temos. A Constituição Federal Brasileira de 88, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e o Decreto Presidencial 7.053, ainda vem sendo violados constantemente de forma mais contundente e sistemática. Somos um grupo vulnerável, cuja cidadania encontra-se extremamente fragilizada,

 afrontando, portanto, o próprio Estado Democrático de Direito e toda a sociedade que anseia por um mundo mais justo, humano, igual em direitos e reconhecedor da diversidade.



Neste momento, em memória de tantos companheiros que tombaram nas ruas deste país, assassinados das mais vis e cruéis formas, e aos companheiros vítimas constantes dos mais diversos tipos de violações, queremos dizer: CHEGA! BASTA! Estamos fartos de tanta barbárie, por isso, exigimos que seja consolidado e descentralizado o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Material Reciclável para nos auxiliar na luta pela integral efetivação de nossos direitos e, acima de tudo, o fim da impunidade e a efetivação de políticas públicas estruturantes nas áreas de saúde, cultura, esporte, lazer, educação, trabalho e renda, assistência social, segurança, habitação preconizadas no Decreto Presidencial.



MOVIMENTO NACIONAL DE POPULAÇÃO DE RUA



AGOSTO DE 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pessoas em Situação de Rua no Brasil: estigmatização, desfiliação e desterritorialização

Autores:
Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio
Beatriz Janine Cardoso Pavan
Mariana Siena
Victor Marchezini



RESUMO: Sob o ponto de vista sociológico, pessoas em situação de rua constituem um problema social que afeta milhares de pessoas no Brasil. Nesse contexto, esse estudo focaliza fenômenos de violência moral e física contra as pessoas em situação de rua em cidades brasileiras. A dificuldade do grupo para encontrar um suporte mínimo criauma ameaça de desfiliação. Esse processo, o qual envolve estigmatização, possibilita identificar um padrão de vulnerabilidade espacial do grupo. Conclui-se que as políticas para as pessoas em situação de rua não são suficientes para oferecer ao grupo esforços públicos integrados para a cidadania.




Para leitura do trabalho completo, clique aqui!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

OS MORADORES DE RUA E SUAS TRAJETÓRIAS

Dissertação de tese de Mariana Vilas Bôas Mendes


RESUMO
Esta dissertação versa sobre os territórios existenciais dos moradores de rua de Belo Horizonte. O objetivo maior deste trabalho é descrever e analisar como vivem os moradores de rua de Belo orizonte, observando sobretudo a maneira como eles se relacionam entre si e as estratégias de vida por eles desenvolvidas, ou seja, sua sociabilidade. Como, de modo geral, a rua não é a única alternativa de vida para esta população, interessa também saber quais são os agenciamentos e constrangimentos que fazem com que os moradores de rua se mantenham nas ruas, assim comoqueles que os levam a deixar as ruas ou a mudar de cidade. Por fim, como os moradores de rua estão inseridos em um contexto social urbano, esta dissertação tem por objetivo compreender de que maneira a sociedade urbano-industrial produz modos de vida que lhe são antagônicos. O foco da narrativa se concentra nos moradores de rua e na maneira como eles constróem, no espaço urbano, seus territórios existenciais. Assim sendo, interessa saber como os moradores de rua de Belo Horizonte se apropriam do espaço público e de espaços institucionais da cidade para neles construir as suas vidas, deles extraindo os recursos necessários para sua sobrevivência e transformando-os com sua presença.

Para leitura completa da tese, CLIQUE AQUI!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

MP exige ajustes no acolhimento da população de rua


O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público define prazos e multas para implantação de medidas para que a Prefeitura do Rio se adeque à Política Nacional para População em Situação de Rua. A assinatura do termo cria um importante mecanismo de controle social da política municipal para pessoas em situação de rua.
Até agora, a ação municipal foi determinada pela política higienista de "limpeza" das ruas. O que importa é a cidade ficar "bonita" para os mega eventos, garantindo a lucratividade dos investimentos, não resolver os problemas sociais que afligem a cidade e sua população.
Acolhimento, não recolhimento
Deve haver assistentes sociais "em todas as operações de abordagem e acolhimento da população adulta em situação de rua", de acordo com o termo. Além disso, cabe exclusivamente à Secretaria Municipal de Assistência Social "solicitar o auxílio da Guarda Municipal ou da Polícia Militar", em situações que envolvam crime ou risco à segurança dos técnicos ou das pessoas em situação de rua. As operações devem ser feitas sem utilização de armas ou outras formas de constrangimento, vetada "qualquer medida de remoção compulsória ou involuntária", com exceção de casos de delito ou indicação médica.
Políticas públicas
Entre as medidas exigidas pelo Ministério Público estão assistência integral à saúde, cadastramento completo e ágil, inclusão em programas de qualificação profissional e de transferência de renda e política habitacional que pode incluir "auxílios-moradia".
As unidades de acolhimento têm prazos entre dois e seis meses para adequar as condições físicas e a equipe profissional às necessidades de atendimento desta população.
Em 60 dias, a Prefeitura deve garantir que haverá no mínimo um assistente social e um psicólogo para cada 25 usuários de drogas atendidos, em até dois equipamentos. Até julho do ano que vem, o número de usuários para cada profissional destes, deve cair para 20.
(Íntegra do TAC clique aqui
Situação atual
Superlotação, falta de condições mínimas de higiene, condições insalubres, atendimento profissional deficiente, falta de leitos, são algumas das irregularidades encontradas no que deveriam ser unidades de acolhimento. A situação revela o "total descumprimento do Decreto n. 7.503/2009 que institui a Política Nacional para População em Situação de Rua.
A conclusão é do relatório produzido por CRESS e CRP (Conselho Regional de Psicologia) do Rio de Janeiro, em novembro de 2010. O relatório foi um dos documentos utilizados pelo Ministério Público para definir o TAC.
Íntegra do relatório: clique aqui
O CRESS-RJ vai acompanhar o cumprimento do termo pela Prefeitura. Em breve, também convocaremos reuniões e debates para aprofundar as diferentes concepção sobre ações de acolhimento ou recolhimento em procedimentos de abordagem e o papel do assistente social. 


retirado de: CRESS-RJ

domingo, 10 de junho de 2012

Presidente do Uruguai oferece sua residência oficial para abrigar moradores em situação de rua

Como prometido antes da eleição, o presidente do Uruguai José Pepe Mujica ainda mora em sua pequena fazenda em Rincon del Cerro, nos arredores de Montevidéu. A moradia não poderia deixar de ser modesta, já que o dirigente acaba de ser apontado como o presidente mais pobre do mundo.

 

Pepe recebe 12.500 dólares mensais por seu trabalho à frente do país, mas doa 90% de seu salário, ou seja, vive com 1.250 dólares ou 2.538 reais ou ainda 25.824 pesos uruguaios. O restante do dinheiro é distribuído entre pequenas empresas e ONGs que trabalham com habitação.
“Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com menos”, diz o presidente.
Aos 77 anos, Mujica vive de forma simples, usando as mesmas roupas e desfrutando a companhia dos mesmos amigos de antes de chegar ao poder.
Além de sua casa, seu único patrimônio é um velho Volkswagen cor celeste avaliado em pouco mais de mil dólares. Como transporte oficial, usa apenas um Chevrolet Corsa. Sua esposa, a senadora Lucía Topolansky também doa a maior parte de seus rendimentos.

Sem contas bancárias ou dívidas, Mujica disse ao jornal El Mundo, da Espanha, que espera concluir seu mandato para descansar sossegado em Rincon del Cerro.

Mujica também oferece residência oficial para abrigar moradores de rua

O presidente do Uruguai, José Mujica, ofereceu nesta quinta-feira (31) sua residência oficial para abrigar moradores de rua durante o próximo inverno caso faltem vagas em abrigos oficiais do governo.
Ele pediu que fosse feito um relatório listando os edifícios públicos disponíveis para serem utilizados pelos desabrigados e, após os resultados, avaliará se há a necessidade da concessão da sede da Presidência. De acordo com a revista semanal Búsqueda, Mujica disponibilizou ainda o palácio de Suarez y Reyes, prédio inabitado onde ocorrem apenas reuniões de governo.
No último dia 24 de maio, uma moradora de rua e seu filho foram instalados na residência presidencial por sugestão de Mujica ao Ministério de Desenvolvimento Social. Logo após o convite, contudo, encontraram outro local para se alojar.
O presidente não mora em sua residência oficial, pois escolheu viver em seu sítio, localizado em uma área de classe média nas redondezas de Montevidéu. Nem mesmo seu antecessor, o ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010), ocupou o palácio durante seu mandato. Ambos representam os dois primeiros governos marcadamente progressistas da história do Uruguai.
No inverno do ano passado, pelo menos cinco moradores de rua morreram por hipotermia. O fato causou uma crise no governo e acarretou na destituição da ministra de Desenvolvimento Social, Ana Vignoli.

Moradias populares

Em julho de 2011, Mujica assinou a venda da residência presidencial de veraneio, localizada em Punta del Este, principal balneário turístico do país, para o banco estatal República. A operação rendeu ao governo 2,7 milhões dólares e abrirá espaço para escritórios e um espaço cultural.

A venda dessa residência estava nos planos de Mujica desde que assumiu a Presidência em março de 2010. Com os fundos amealhados, será incrementado o orçamento do Plano Juntos de Moradias. Também é planejado o financiamento de uma escola agrária na região, onde jovens de baixa renda poderão ter acesso a cursos técnicos.

Fonte: pragmatismopolitico.com.br

sábado, 5 de maio de 2012

Fórum Pop Rua

Esse mês a reunião do Fórum Permanente de População Adulta em Situação de Rua acontecerá em praça pública!

Estão todos convidadíssimos para estar presentes no dia 08/05, de 9h às 12h, no Largo do Machado, Rio de Janeiro.

TRANSFORMAÇÕES HUMANAS: Encontros, Amor Ágape e Resiliência

Resumo:


Este livro é resultado de tese de doutorado na qual a autora analisa histórias de vida de seres humanos reais, vividas nas ruas de São Paulo, acompanhadas ao longo de cinco anos. Aparecida Magali nos conta em seu prefácio que conheceu moradores de rua que lutavam para continuarem vivos em cenário social repleto de desprezo, de violência, de atitudes eivadas de preconceitos, mas que também foi nesse cenário que pode recolher tocantes momentos de encontros entre seres que se “escutaram e se acompanharam” em suas buscas. Apoiando-se em conceitos de Winnicott, Jung, Boltanski, Morin e outros autores afins, propõe uma abordagem inter e transdisciplinar, remetendo a alguns conceitos centrais para a definição do referencial teórico, tendo em vista a natureza complexa do objeto de estudo. Finaliza o livro um caderno de imagens com fotos dos momentos observados durante o processo de pesquisa.





Excelente livro! Vale a leitura! 


Retirado de: relativa.com.br

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Programa Pioneiro - Bahia Acolhe é o marco de uma grande conquista para a população de rua

Retirado de: falarua.org





Um dos pontos altos do 1° Congresso Nacional do Movimento da População de Rua, realizado de 19 a 21 de março de 2012, em Salvador, foi o compromisso das autoridades locais em promover a viabilização do Programa Bahia Acolhe. Estiveram presentes na celebração dessa grande conquista da população em situação de rua a ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, o governador do estado da Bahia, Jaques Wagner, bem como secretários de Estado, lideranças da população de rua e inúmeros representantes do movimento da população em situação de rua, vindos de mais de dez estados brasileiros para o evento.



Há muito tempo sendo construído e idealizado pelo Movimento da População em Situação de Rua da Bahia, o Programa Bahia Acolhe é o primeiro do gênero em todo o território nacional. Inicialmente concebido para atuar em 15 municípios do estado, disporá inicialmente de verba para viabilizar suas operacões em 4 municípios, com um total de 9 milhões de reais. Segundo Maria Lúcia Santos Pereira, coordenadora nacional do MNPR, o programa prevê a inauguração de pelo menos cinco locais de acolhimento 24 horas em todo estado.



Entenda como funcionará o Programa Bahia Acolhe



A ideia do programa é criar uma parceria entre diferentes secretarias e ONGs que trabalham com a população em situação de rua em cada um dos municípios, formando uma rede que possibilite atender às diferentes demandas que as pessoas venham a ter, de maneira integrada, acompanhando-as durante todo o processo de saída da rua.



A abordagem nas ruas será coordenada pela Assistência Social e feita por profissionais treinados para agirem de maneira sensível e humana, criando laços de amizade com a população em situação de rua. Em seguida, as pessoas serão levadas aos locais de acolhimento, chamados Centros Pop. Ali, assistentes sociais farão avaliações de acordo com cada caso, de maneira que as pessoas sejam encaminhadas de acordo com as necessidades específicas que tiverem: saúde, educação, tratamento para dependentes químicos etc. Os locais de acolhimento oferecerão, também, programas de capacitação das pessoas para a inserção no mercado de trabalho, bem como assistência com o objetivo de viabilizar moradia, tanto provisória quanto permanente, através do Programa Minha Casa, Minha Vida.



Bahia Acolhe: um programa pioneiro



Segundo Maria Lúcia, a ideia é, futuramente, mobilizar também outros estados a partir da experiência de implementação do programa na Bahia. Para que possa sair do papel e cumprir a premissa de uma atuação integrada e completa no atendimento à população em situação de rua, é necessário, de acordo com Maria Lúcia, gerar uma grande rede de articulação entre diversos atores sociais e as instituições do Estado. A Bahia se torna, a partir dessa experiência, um modelo para todo o Brasil, tornando reais as condições necessárias para que as pessoas possam sair da rua. 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua

Apresenta os principais resultados do levantamento realizado em 71 municípios do país.
Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de RuaTítulo: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua
Tipo de publicação: Caderno
Data: 2008
Autor: vários
Organizadores: não tem
Resumo: Apresenta os principais resultados do levantamento realizado em 71 municípios do país.
Referência Bibliográfica:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Pesquisa Nacional sobre a população em situação de rua: sumário executivo. Brasília, DF: Meta Instituto de Pesquisa de Opinião; SAGI, 2008.

Clique aqui para fazer download


VEJA MAIS:

Inclusão das pessoas em situação de rua no cadastro único para programas sociais do governo federal, clique aqui.

segunda-feira, 26 de março de 2012

24ª Medalha Chico Mendes de Resistência 2012

A Medalha Chico Mendes de Resistência é uma condecoração, criada pelo Grupo Tortura Nunca Mais, para homenagear indivíduos e grupos defensores dos Direitos Humanos e de uma sociedade mais justa. A homenagem acontece desde 1989 e a  idéia para criação da Medalha Chico Mendes surgiu como forma de denunciar as homenagens que o Exército concedia a notórios elementos ligados ao aparato de repressão, premiando-os com a Medalha do Pacificador, a mais alta comenda do Exército Brasileiro. 

A Solenidade do ano de 2012 acontecerá na próxima segunda, dia 2 de abril, às 18h na OAB/RJ. 







sexta-feira, 23 de março de 2012

1º Congresso do Movimento Nacional da População de Rua e lança manifesto

matéria originalmente publicada em cfess.org.br

Nos últimos dias, a mídia brasileira tem noticiado crimes bárbaros contra pessoas em situação de rua pelo Brasil. Cenas de extrema violência contra esses indivíduos vêm sendo exaustivamente repetidas em programas de televisão, em sua grande maioria, sensacionalistas, que pouco se preocupam em reportar com profundidade a temática. Jornais impressos e digitais fazem denúncias superficiais, com manchetes revelando a barbaridade dos crimes, como “incendiados” e “esfaqueados”, mas com pouca informação para se entender o fenômeno, que não é de agora.

Este foi um dos temas debatidos no 1º Congresso do Movimento Nacional de População de Rua, realizado em Salvador (BA) nos dias 19, 20 e 21 de março. Com o tema “Protagonizando histórias e garantindo direitos”, o evento contou com cerca de 300 participantes, representando diversos estados brasileiros, sendo a maioria de pessoas em situação ou com trajetória de rua. O CFESS esteve presente, representado pela conselheira Lucia Lopes.

Os números sobre a população em situação de rua no Brasil são sempre estimados, uma vez que o governo brasileiro nunca realizou um censo nacional desses indivíduos. A desculpa é a de que a coleta de dados dos censos é de base domiciliar, ou seja, quem não tem domicílio, não é recenseado. Mas com base em pesquisas realizadas em diferentes cidades, como Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Recife (PE), e  do censo amostral realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em  2007/2008,  a estimativa é que existam cerca de 50 mil pessoas vivendo nas ruas nas cidades com mais de 300 mil habitantes e capitais brasileira.

Pessoas essas alijadas de direitos garantidos pela Constituição de 1988, como saúde, trabalho, moradia, assistência social, educação e lazer. Nem mesmo o Decreto 7.053/2009, que instituiu a Política Nacional para a População em Situação de Rua, tem dado conta da questão, e as soluções que têm aparecido são, em sua maioria, paliativas. “Nesse sentido, o 1º Congresso do Movimento da População de Rua foi fundamental, pois discutimos estratégias que poderão possibilitar avanços na direção do atendimento das necessidades e interesses dessa população”, opinou Lucia Lopes, “ainda que o maior saldo tenha sido político-organizativo”, completou.


A conselheira do CFESS Lucia Lopes marcou o posicionamento do Serviço Social sobre o tema (foto: Acervo pessoal/Lucia Lopes)

“Quando é que se poderia imaginar, há alguns anos, um congresso de moradores de rua? Hoje não estamos aqui pedindo cobertor e sopa, mas discutindo políticas públicas. É um momento histórico para nós”, disse Maria Lúcia Pereira, representante do Movimento.

A ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência (SEDH), Maria do Rosário, esteve presente no Congresso para escutar as reivindicações do Movimento. A SEDH é responsável pela promoção e universalização das políticas públicas. Mesmo com as últimas notícias de que o MDS vai destinar mais dinheiro às cidades com mais de 200 mil habitantes para reestruturação dos serviços de atendimento e acolhimento oferecidos às pessoas em situação de rua, o Movimento afirma que é preciso fazer mais. “A luta é pelo acesso a todas as políticas sociais”, disse Maria Lúcia Pereira.

A conselheira do CFESS, Lucia Lopes, afirma que fatores estruturais, como a falta de moradia, trabalho e renda, fatores biográficos, como rompimento dos vínculos familiares, adversidades pessoais e doenças, e fatores ligados a desastres geográficos, como inundações e secas, mostram que o fenômeno de trajetória de rua não se explica a partir de um só determinante. Por isso, é necessário um conjunto de políticas públicas que deem conta deste leque. “Viver nas ruas não é uma opção individual. Homens e mulheres são levados a essa situação por condições impostas pela sociedade de classes organizada para defender a mercadoria e o mercado, e não a pessoa e a vida. Na base das determinações da trajetória de rua estão as causas vinculadas à estrutura da sociedade capitalista e aos processos de acumulação do capital, como a produção contínua de uma massa de desempregados/as não absorvidos/as pelo mercado”, explica Lucia Lopes.


Congresso reuniu cerca de 300 participantes em Salvador (BA) (foto: Acervo pessoal/Lucia Lopes)

Violência e preconceito: um ou outro caso é noticiado
De abril de 2011 até março deste ano, 165 pessoas em situação de rua foram mortas no Brasil. O número divulgado foi divulgado em 15 de março pelo Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH). Isso significa que pelo menos uma morte a cada dois dias.

Entretanto, segundo o Movimento da População de Rua, os números são bem maiores. “A mídia seleciona um ou outro caso, sempre os mais bárbaros, que atraem mais atenção. Mas se inúmeros crimes cometidos contra esta população são sequer notificados, imagina, então, se serão noticiados?”, critica Lucia Lopes.

Para ela, o mais grave é a conivência do Estado com a impunidade dos/as culpados/as pelos crimes horrendos e com o abandono dessa população à fome, a sua exposição ao frio, ao calor, às chuvas, ao uso de álcool e outras drogas (como estratégia de sobrevivência). “São formas de provocar a morte lenta e silenciosa dessas pessoas, como algo natural, quando, na realidade, a omissão do Estado favorece este genocídio”, denuncia a conselheira do CFESS.


CFESS Manifesta sobre o tema foi divulgado durante o evento (arte: Rafael Werkema)


CFESS Manifesta
Durante o Congresso, CFESS lançou um manifesto intitulado “Pelo direito à vida e dignidade da população em situação de rua”. O documento traz dados importantes sobre o perfil dessas pessoas, bem como posicionamento político do Conselho Federal sobre o tema, além de fazer um histórico do fenômeno e de conclamar os/as assistentes sociais a se posicionarem em defesa das lutas e interesses desse grupo populacional.

“A defesa da vida, com dignidade, pressupõe o compromisso com a liberdade como o direito de escolher entre as alternativas existentes; da democracia como a socialização da participação política, da cultura e da riqueza socialmente produzida coletivamente; dos direitos humanos como estratégia para a construção de uma sociedade igualitária que possibilite a emancipação humana, compreendida como a condição em que a satisfação das necessidades e o pleno desenvolvimento de todos e de cada um dos indivíduos sociais se torna possível. Estes são os valores defendidos pelo CFESS”, diz trecho do documento.

O CFESS Manifesta também critica a forma como o Estado vem tratando o assunto, resgatando histórias de violência e preconceito contra as pessoas em situação de rua. “A omissão do Estado e da sociedade contribui para que esse genocídio avance a passos largos, como um processo natural e não provocado. Urge reação dos movimentos sociais e defensores da justiça social”, afirma o manifesto.


Leia o CFESS Manifesta do 1º Congresso do Movimento Nacional da População de Rua aqui

sábado, 17 de março de 2012

México: Grupo de Trabalho sobre desaparições forçadas faz recomendações para combater problemática no país

Retirado de: adital.com.br

Natasha Pitts
Jornalista da Adital

Com vistas à superação das desaparições forçadas enfrentadas pelo México, o Grupo de Trabalho sobre as Desaparições Forçadas ou Involuntárias das Nações Unidas publicou nesta semana um relatório com recomendações que o Estado deve cumprir. A intenção é que se garanta a reparação e o direito à verdade, reconheça a dimensão do problema e assim se crie medidas preventivas e de segurança.
O relatório analisa o estado da desaparição forçada, o marco legal e institucional e a situação de direito à justiça, à verdade e à reparação. Além disso, examina a realidade de grupos especialmente vulneráveis como migrantes, mulheres, defensores e defensoras de Direitos Humanos e jornalistas.
Os especialistas independentes, responsáveis pela elaboração do relatório, alertam que as desaparições forçadas ou involuntárias não são um problema que ficou no passado. Reconhecem os esforços do Governo em matéria de Direitos Humanos, mas apontam que no México "a impunidade é um padrão crônico demonstrado pela ausência de investigações efetivas em casos de desaparições forçadas”.
Em virtude disso, revelam a falta de confiança das vítimas no sistema de justiça, nos Ministérios Públicos, na polícia e forças armadas. A falta de confiança da população mexicana também advém da falta de esforços para determinar o paradeiro das vítimas, punir os responsáveis e garantir reparação adequada.
Para fazer frente ao problema, o Grupo de Trabalho sobre as Desaparições Forçadas ou Involuntárias formulou 33 recomendações visando à prevenção, investigação, punição, reparação às vítimas e proteção a grupos mais vulneráveis. A primeira delas é reconhecer a dimensão do problema no país.
Com relação ao marco legislativo, indicam que se deve garantir que o crime de desaparição forçada seja incluído nos Códigos Penais de todas as entidades federativas e que, em breve, se aprove uma lei geral sobre as desaparições forçadas ou involuntárias.
Também é recomendado que se adotem normas e protocolos para regular o uso da força por parte do exército e corporações policiais, capacitação de profissionais de justiça, adoção de protocolos de investigação e a proteção de testemunhas e familiares.
Para garantir o direito à verdade, uma recomendação é estabelecer um programa nacional de busca de pessoas, além de se criar e manter atualizada uma base de dados com informação pessoal disponível sobre vítimas de desaparições forçadas a nível nacional, incluindo informações como DNA e mostra de tecido.
Já o direito à reparação pode ser concretizado com reparações proporcionais à gravidade da violação e ao sofrimento da vítima e sua família. Além da restituição, a ideia é oferecer assistência médica e psicossocial e garantias de não repetição.
Para dar atenção a grupos em situação mais vulneráveis, uma das sugestões é implantar com urgência todas as recomendações da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) para combater o sequestro de migrantes. Além disso, também recomendam incorporar a perspectiva de gênero em todas as investigações e políticas de combate à violência. Também é sugerida a criação de um mecanismo especial para proteger jornalistas e garantias de condições de segurança para defensores e defensoras de direitos humanos.
O Grupo de Trabalho sobre as Desaparições Forçadas ou Involuntárias das Nações Unidas realizou o relatório com base em conversas, reuniões e recolhimento de dados entre 18 e 31 de março de 2011, quando visitaram várias cidades do país e conversaram com autoridades, organismos públicos de direitos humanos, organização não governamentais, familiares de desaparecidos, vítimas e demais atores sociais do México.

Sistema educacional é um importante instrumento a perpetuar a desigualdade



Retirado de: adital.com.br


*Por Otaviano Helene
O Brasil chegou a ser, há não muito tempo atrás, o país com a pior distribuição de renda em todo o mundo. Embora essa situação tenha melhorado nos últimos anos, continuamos em uma posição muito ruim – o nono pior índice de Gini (1) entre 107 países relacionados pelo Banco Mundial – e estamos evoluindo muito lentamente. Em apenas cinco países os 10% mais pobres têm uma participação na renda nacional menor do que os 10% mais pobres no Brasil e em apenas dois países os 10% mais ricos abocanham uma fração da renda nacional maior do que no Brasil.
A renda não se concentra por um processo natural, como se nos quintais de alguns nascessem, por natureza, frondosas árvores de dinheiro e nos quintais de outros, raquíticos arbustos de moedinhas. A renda se concentra como conseqüência de políticas explícitas que incluem o próprio sistema econômico, a ausência ou não de reformas agrária e urbana democráticas, a repressão dos ou o diálogo com os movimentos sociais organizados, as alíquotas de impostos diretos e o combate ou não à sonegação, a existência ou não de impostos sobre o patrimônio, entre várias outras.
Há dois processos relacionados à educação que contribuem fortemente para a perenização da concentração de renda: a renda das pessoas depende fortemente da educação formal que receberam e a educação das crianças e jovens depende, também fortemente, de suas rendas familiares. A combinação desses dois fatores faz com que nossa política educacional seja um dos principais fatores de concentração de renda e de reprodução das desigualdades.
Um dos principais fatores responsáveis pela exclusão escolar é a renda. Por exemplo, a participação dos estudantes provenientes dos segmentos mais pobres da população cai significativamente ao longo das séries escolares e praticamente a totalidade das cerca de 30% das crianças que abandonam a escola antes do final do ensino fundamental tem origem nos segmentos mais desfavorecidos da população. Como a enorme maioria dessas crianças que deixam a escola prematuramente não freqüentou as classes de educação infantil, a educação formal oferecida a elas restringe-se aos poucos anos de escolaridade no ensino fundamental, em geral em escolas precárias, com uma permanência diária abaixo das quatro horas e com muitas "aulas vagas”. Resultado: os investimentos educacionais feitos em favor dessa terça parte das crianças, cujos valores anuais são próximos ao piso do Fundeb (2), não excederão, ao longo de toda a vida, alguns poucos milhares de reais.
No outro extremo, entre os mais ricos, a educação começa nos primeiros anos de vida e dura pelo menos duas décadas, com valores mensais de investimento que superam os mil reais, ou muito mais do que isso se forem incluídos investimentos com educação extra-escolar (cursos de línguas, atividades esportivas, aulas particulares etc.). Ao longo de toda a vida esses investimentos podem superar centenas de milhares de reais.
Portanto, as desigualdades na educação formal são enormes. E esses contingentes com enormes diferenças educacionais, ao deixarem a escola, conviverão em uma mesma sociedade. Ninguém pode ter dúvida do que acontecerá.
Em resumo, nossas terríveis desigualdades econômicas e sociais entram nas escolas pela porta da frente, com a conivência, apoio e subvenção explícita por parte das autoridades municipais, estaduais e federais, fazendo com que nosso sistema escolar trate de forma extremamente diferente os pobres e os ricos. E, evidentemente, com o apoio total das elites econômicas, para as quais as desigualdades não devem ser enfrentadas e superadas, mas, sim, os desiguais devem ser combatidos quando ameaçam incomodar.
O círculo vicioso rendaeducaçãorenda se fecha uma vez que a renda de uma pessoa depende fortemente de sua educação formal, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, coisa que salta aos olhos (3). Cada ano adicional de escolaridade de um trabalhador implica em um aumento de renda da ordem de 15%, em média. Além dessa dependência da renda com relação ao número de anos de estudo, há também uma dependência em face da qualidade da educação recebida e, novamente, esta também depende fortemente da renda familiar dos estudantes.
Portanto, nosso sistema educacional é um importante instrumento a perpetuar a desigualdade, garantindo que ainda permaneceremos por longo tempo entre os países mais desiguais do mundo.
Outro aspecto perverso da desigualdade do nosso sistema educacional é o "desperdício” de pessoas. Como a desigualdade exclui das escolas enormes contingentes populacionais e grande parte dos não excluídos apresenta graves deficiências, nossas possibilidades de desenvolvimento social, cultural e do sistema de produção de bens e serviços são gravemente comprometidas, uma vez que não podemos contar com a contribuição produtiva da maioria dos nossos jovens, por mais dedicados, brilhantes e interessados que pudessem vir a ser: eles já foram descartados.
Para construirmos um país realmente republicano, precisaríamos romper com essa situação e criar um sistema educacional onde todos, independentemente da origem social e econômica, sejam tratados de forma igualitária. Escolas com infra-estruturas adequadas, professores e educadores que sejam remunerados adequadamente e instrumentos de gratuidade ativa (4) que compensem os custos induzidos pela freqüência à escola são fundamentais.
E não há nenhuma limitação real e objetiva que nos impeça de construir uma escola igualitária e democrática: se excluímos crianças e jovens prematuramente das escolas e as condenamos a uma vida adulta com más remunerações, é uma opção política ditada pelas elites, que não abrirão mão, por bem, de nenhum de seus privilégios, por mais que eles possam ser danosos para a sociedade.
(1) O índice de Gini é um dos indicadores mais amplamente adotados para quantificar a distribuição de renda.
(2) O Fundeb, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, corresponde a um valor mínimo de investimento educacional da ordem de R$ 200 reais por mês e por estudante (valores de 2012). Estados cujos investimentos estão abaixo desse valor recebem uma complementação da União.
(3) Há exceções, obviamente, e algumas pessoas com pouca escolarização têm sucesso profissional e mesmo altas rendas. Entretanto, a regra seguida de forma majoritária é que a renda aumenta com o grau de escolarização. Por causa das poucas exceções, muitos, desatentamente, pensam que a regra inexiste ou é muito frágil; outros, às vezes por má fé, reproduzem e dão força a esse engano.
(4) Devemos lembrar que a renda per capita familiar de quase metade das crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos, segundo dados de vários PNADs, é inferior a meio salário mínimo. Se considerarmos que grande parte da renda familiar é gasta com moradia, alimentação, energia elétrica e outras despesas inescapáveis, o que resta para as outras despesas é extremamente baixo. Assim, uma simples passagem de ônibus adicional por dia, um pequeno lanche ou qualquer outra despesa associada à freqüência à escola podem estar totalmente fora do alcance familiar. Nos segmentos mais favorecidos, muitas dessas despesas podem passar despercebidas, mas, para os segmentos mais desfavorecidos, elas são insuportavelmente altas.
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quarta-feira, 14 de março de 2012

Comitê interministerial discute violência contra a população de rua

Retirado de mds.gov.br

MDS faz parte do grupo, que reúne vários ministérios com o objetivo de propor políticas públicas voltadas a essas pessoas
Brasília, 14 – O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) participa da reunião do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População em Situação de Rua, nesta quinta-feira (15), às 10h, na Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, em Brasília. A violência contra moradores de rua que vem ocorrendo nas últimas semanas no Distrito Federal é o tema principal do encontro.

Cabe ao comitê elaborar e coordenar políticas públicas para essa população. Ele é coordenado pela SDH e composto por representantes do MDS e dos ministérios da Justiça, Saúde, Educação, Cidades, Trabalho e Emprego, Esportes e Cultura e da sociedade civil.

A Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que reúne representantes do MDS, mais o Fórum Nacional de Secretários de Estado de Assistência Social (Fonseas) e o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas), condenou os assassinatos de pessoas em situação de rua ocorridos no DF.

Abaixo, a nota de repúdio aprovada na reunião de 29 de fevereiro.

NOTA PÚBLICA

Sobre os assassinatos de pessoas em situação de rua

A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) vem a público se manifestar em relação às ações violentas e violadoras de direitos contra pessoas em situação de rua, tendo como exemplo as ações ocorridas no dia 25 de fevereiro de 2012 no Distrito Federal.

José Edson tinha 26 anos quando teve sua vida interrompida com 63% do seu corpo queimado, resultado de uma ação violenta e cruel cometida em Santa Maria, cidade localizada a cerca de 30km da capital federal. Segundo uma tia, José Edson morava na rua há cinco anos. No momento da violenta ação, o jovem e um colega, que também sofreu graves queimaduras e que se encontra hospitalizado, não tiveram chance de defesa, foram atacados enquanto dormiam.

Ações violentas e brutais e assassinatos de pessoas em situação de rua como este também ocorreram em outras localidades do país. De acordo com dado divulgado pelo Movimento Nacional da População de Rua, a cada dois dias uma pessoa em situação de rua é assassinada no Brasil. Em 2011 foram registradas 142 mortes e, somente em janeiro de 2012, 36 mortes foram registradas pela mídia, de acordo com o Movimento Nacional. Além dos números, o que choca é o fato de essas mortes geralmente serem cometidas com requintes de crueldade e sem chance de defesa às vítimas.

A luta pela afirmação dos direitos da população em situação de rua tem ganhado institucionalidade no Brasil, todavia, questões culturais expressas no preconceito e na discriminação contra essa população, ainda disseminados em nossa sociedade, somados à realidade de exposição a circunstâncias adversas nas ruas, fazem com que se encontre vulnerável e exposta a frequentes situações de violência.

Nesse sentido, a CIT vem a público indignar-se com as ações violentas e violadoras de direitos contra as pessoas em situação de rua, reafirmar o compromisso com as ações direcionadas a essa população e convocar os gestores da política de Assistência Social a se comprometerem com ações que disseminem em seus territórios indignação contra todas as formas de violação de direitos a esse público.

Por fim, reivindica-se às autoridades competentes que os responsáveis pelos bárbaros crimes cometidos contra essa população sejam responsabilizados por suas ações.

Brasília, 29 de fevereiro de 2012

Comissão Intergestores Tripartite (CIT)

sexta-feira, 9 de março de 2012

Conselho aprova expansão de serviços socioassistenciais para reforçar Brasil Sem Miséria


Retirado de: mds.gov.br/

08/03/2012 18:00
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome dispõe de mais de R$ 133 milhões para serviços prestados nas unidades de atendimento e abrigos. Municípios contemplados deverão formalizar adesão após a publicação no Diário Oficial da União
Brasília, 8 – O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprovou nesta quinta-feira (8), em Brasília, a expansão do financiamento federal para serviços socioassistenciais oferecidos à população nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), Centros Especializados para Pessoas em Situação de Rua (Centros POP) e abrigos, repúblicas e casas de passagem (serviços de acolhimento). Também foram aprovadas a compra e a doação de embarcações para municípios da Amazônia Legal e do Pantanal e o aumento do número de equipes volantes para cidades de grande extensão territorial e de difícil acesso.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) prevê que o investimento com a expansão dos serviços ultrapassará R$ 133 milhões neste ano. Desse valor, estão previstos R$ 69,6 milhões para os serviços de proteção social especial prestados em Creas, Centros POP e acolhimento. Já R$ 64 milhões vão para a proteção social básica, que engloba os serviços oferecidos nos Cras, mais a compra e doação de lanchas para cidades com população ribeirinha e a expansão de equipes volantes.

Os recursos visam às ações do Plano Brasil Sem Miséria, cuja meta é retirar da extrema pobreza, até 2014, cerca de 16 milhões de pessoas. “O que estamos aprovando cria a possibilidade de tornar móveis os serviços. Isso ressalta a importância da busca ativa e da assistência social para encontrar pessoas ainda excluídas de qualquer política social”, disse o presidente do CNAS, Carlos Ferrari.

A aprovação do conselho valida os critérios de partilha de recursos definidos na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que se reuniu na semana passada. A CIT reúne representantes do MDS, do Fórum Nacional de Secretários Estaduais (Fonseas) e do Colegiado Nacional de Gestores Municipais (Congemas) de Assistência Social. Eles analisam os acordos sobre serviços e recursos federais a serem recebidos por estados e municípios.

Embarcações – Parceria entre o MDS e a Marinha do Brasil vai permitir a fabricação, ainda neste ano, de embarcações com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social. As lanchas da assistência social serão doadas para 129 municípios com populações ribeirinhas nas regiões da Amazônia Legal e do Pantanal. Esses municípios receberão R$ 7 mil por mês para a manutenção dos barcos.

O CNAS aprovou que 334 municípios recebam financiamento federal para o serviço de Proteção e Atendimento Integrado à Família (Paif), prestado nos Cras. Mais 448 municípios receberão recursos para as equipes volantes que farão a busca ativa da população extremamente pobre e sua inserção no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

Proteção – Os serviço de abordagem de rua e de Proteção e Atendimento Especializado à Família e Indivíduos (Paefi) serão ampliados nos Creas de 273 municípios. Cada Creas receberá entre R$ 6,5 mil e R$ 18 mil por mês, conforme o nível de gestão e o porte populacional. Mais 70 prefeituras terão expandidos os serviços voltados à população de rua, nos Centros POP, com recursos mensais de R$ 13 mil a R$ 23 mil por unidade. E outras 40 receberão mais recursos para abrigos, repúblicas e casas de passagem, que variam de R$ 6,5 mil a R$ 10 mil por mês. Além disso, 65 municípios ampliarão a capacidade de atendimento de pessoas em situação de rua.

Outra novidade definida na CIT e aprovada pelo conselho é a ampliação da verba federal destinada a Creas para municípios com porte populacional a partir de 200 mil habitantes. Até então, a prioridade eram os que tinham acima de 250 mil habitantes. Essa medida inclui mais 33 municípios no critério de partilha de recursos.

Após a publicação das resoluções do CNAS no Diário Oficial da União, o ministério abrirá os sistemas da Rede Suas (do Sistema Único de Assistência Social) no Portal do MDS para os municípios elegíveis aderirem aos financiamentos federais.

Cristiane Hidaka
Ascom/MDS
(61) 3433-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa

Conselho aprova expansão de serviços socioassistenciais para reforçar Brasil Sem Miséria

08/03/2012 18:00
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome dispõe de mais de R$ 133 milhões para serviços prestados nas unidades de atendimento e abrigos. Municípios contemplados deverão formalizar adesão após a publicação no Diário Oficial da União
Brasília, 8 – O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprovou nesta quinta-feira (8), em Brasília, a expansão do financiamento federal para serviços socioassistenciais oferecidos à população nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), Centros Especializados para Pessoas em Situação de Rua (Centros POP) e abrigos, repúblicas e casas de passagem (serviços de acolhimento). Também foram aprovadas a compra e a doação de embarcações para municípios da Amazônia Legal e do Pantanal e o aumento do número de equipes volantes para cidades de grande extensão territorial e de difícil acesso.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) prevê que o investimento com a expansão dos serviços ultrapassará R$ 133 milhões neste ano. Desse valor, estão previstos R$ 69,6 milhões para os serviços de proteção social especial prestados em Creas, Centros POP e acolhimento. Já R$ 64 milhões vão para a proteção social básica, que engloba os serviços oferecidos nos Cras, mais a compra e doação de lanchas para cidades com população ribeirinha e a expansão de equipes volantes.

Os recursos visam às ações do Plano Brasil Sem Miséria, cuja meta é retirar da extrema pobreza, até 2014, cerca de 16 milhões de pessoas. “O que estamos aprovando cria a possibilidade de tornar móveis os serviços. Isso ressalta a importância da busca ativa e da assistência social para encontrar pessoas ainda excluídas de qualquer política social”, disse o presidente do CNAS, Carlos Ferrari.

A aprovação do conselho valida os critérios de partilha de recursos definidos na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que se reuniu na semana passada. A CIT reúne representantes do MDS, do Fórum Nacional de Secretários Estaduais (Fonseas) e do Colegiado Nacional de Gestores Municipais (Congemas) de Assistência Social. Eles analisam os acordos sobre serviços e recursos federais a serem recebidos por estados e municípios.

Embarcações – Parceria entre o MDS e a Marinha do Brasil vai permitir a fabricação, ainda neste ano, de embarcações com recursos do Fundo Nacional de Assistência Social. As lanchas da assistência social serão doadas para 129 municípios com populações ribeirinhas nas regiões da Amazônia Legal e do Pantanal. Esses municípios receberão R$ 7 mil por mês para a manutenção dos barcos.

O CNAS aprovou que 334 municípios recebam financiamento federal para o serviço de Proteção e Atendimento Integrado à Família (Paif), prestado nos Cras. Mais 448 municípios receberão recursos para as equipes volantes que farão a busca ativa da população extremamente pobre e sua inserção no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

Proteção – Os serviço de abordagem de rua e de Proteção e Atendimento Especializado à Família e Indivíduos (Paefi) serão ampliados nos Creas de 273 municípios. Cada Creas receberá entre R$ 6,5 mil e R$ 18 mil por mês, conforme o nível de gestão e o porte populacional. Mais 70 prefeituras terão expandidos os serviços voltados à população de rua, nos Centros POP, com recursos mensais de R$ 13 mil a R$ 23 mil por unidade. E outras 40 receberão mais recursos para abrigos, repúblicas e casas de passagem, que variam de R$ 6,5 mil a R$ 10 mil por mês. Além disso, 65 municípios ampliarão a capacidade de atendimento de pessoas em situação de rua.

Outra novidade definida na CIT e aprovada pelo conselho é a ampliação da verba federal destinada a Creas para municípios com porte populacional a partir de 200 mil habitantes. Até então, a prioridade eram os que tinham acima de 250 mil habitantes. Essa medida inclui mais 33 municípios no critério de partilha de recursos.

Após a publicação das resoluções do CNAS no Diário Oficial da União, o ministério abrirá os sistemas da Rede Suas (do Sistema Único de Assistência Social) no Portal do MDS para os municípios elegíveis aderirem aos financiamentos federais.

Cristiane Hidaka
Ascom/MDS
(61) 3433-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa

terça-feira, 6 de março de 2012

Oportunidade para moradores de rua do Rio de Janeiro

Retirado de : camara.rj.gov.br

05/03/2012



Quem mora nas ruas da cidade pode ganhar mais uma oportunidade para mudar de vida. É o que pretende o Projeto de Lei n° 1.239/2011, de autoria do vereador Reimont (PT), que obriga as empresas vencedoras de licitação pública no Município a contratar um percentual mínimo de pessoas em situação de rua.  
De acordo com o texto, empresas particulares que prestarem serviço ao município do Rio, e que sejam compatíveis com a utilização de mão de obra com qualificação profissional básica, deverão contratar, no mínimo, 2% do pessoal alocado para realização do trabalho ou, pelo menos, uma pessoa que vive em situação de rua. 
Os órgãos da Administração Pública Municipal Direta ou Indireta, a Câmara Municipal e o Tribunal de Contas do Município deverão exigir das empresas o cumprimento da lei. A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social será responsável pelo encaminhamento dos candidatos às vagas, e o Conselho Municipal de Assistência Social ficará responsável pelo acompanhamento e avaliação da aplicação da lei. 
O parlamentar argumenta que é dever do Estado cuidar de quem mais precisa até que tenha condições de caminhar sozinho. "Investir em políticas públicas voltadas para as necessidades de nossa população, em especial aqueles que estão por algum motivo marginalizados ou excluídos, é tarefa essencial para o desenvolvimento do Município. E o Poder Público tem a obrigação de assistir aos mais vulneráveis e garantir que, a longo prazo, todos possam se recuperar e ter uma vida digna por seus próprios meios",   justifica Reimont. O Projeto segue para apreciação das Comissões da Câmara do Rio.